MÁRTIRES DA FÉ

Ref. Mártires da fé, intercessores do povo,/ filhos da Luz, Profetas de um mundo novo. (Bis)

1. O Grão de Trigo que na terra repousou/ martirizado por aqueles que eram seus/ perdeu a vida e vida nova se tornou,/ venceu dormindo no abraço do bom Deus.

2. O Peregrino das estradas não se cansa,/ levando a todos a mensagem de Jesus./ No coração, a força viva da esperança,/ no peito, a marca e o sinal da Santa Cruz.

3. Os céus se alegram na presença de seus servos,/ levando a Deus as nossas preces e orações/ seu testemunho e doação serão eternos,/ seu sangue gera vida em nossos corações.

4. Hoje cantamos este hino de louvor/ a Manuel e ao coroinha Adílio./ Com alegria e com todo fervor,/ Terra dos Mártires e Terra do Martírio!

Ó Deus de bondade, que Vos comprazeis em acudir as necessidades de vosso povo em atenção aos méritos dos justos, concedei-nos, por intermédio de vossos Beatos Manuel e Adílio, que foram fiéis na terra, testemunhando com o próprio sangue sua fé no Redentor, a graça que agora vos peço...
Fazei que, para Vossa maior glória e proveito dos fiéis, sejam glorificados na terra com a honra da Canonização. Por Nosso Senhor Jesus, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, Amém.

DIOCESE DE FREDERICO WESTPHALEN

COMISSÃO DE PRÓ-CANONIZAÇÃO DOS BEATOS MANUEL E ADÍLIO

Presidente: Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Membros:
Vigário Geral: Monsenhor Luiz Dalla Costa;
Chanceler do Bispado: Cônego Carlos Alberto Pereira da Silva;
Pároco de Nonoai: Tiago Wollmann;
Pároco de Três Passos: Anderson Pelizzari;
Pároco de Frederico Westphalen: Monsenhor Leonir Agostinho Fainello;
Coordenador diocesano de pastoral: Cônego Leandro Piffer
Secretária da Cúria diocesana: Maria Helena Binotto;
Assessora de comunicação do Santuário de Nonoai: Sandra A. Zanatta Müller.

Podendo haver eventual acréscimo.

Virtudes para os Beatos Manuel e Adílio se tornarem Santos não faltam, a cada dia que passa surgem mais graças e demonstrações de fé e devoção que comprovam, e a realização da Romaria confirma. Ano após ano, aumenta o número de pessoas que vem prestigiar um dos maiores eventos religiosos do Rio Grande do Sul, agradecer e pedir a intercessão dos Beatos. Para os Beatos Manuel e Adílio chegarem à santidade, existe ainda um longo caminho a ser percorrido, quem nos explica é o Cônego Alexander Mello Jaeger.

De acordo com o cônego, a primeira parte do processo já aconteceu que é a mais difícil, declará-los beatos. Uma vez beatos já são santos, a diferença está na extensão do seu culto. “Os beatos têm um culto local, restrito. Os santos têm um culto para toda a Igreja, não tendo restrição de local, por isso agora, estamos continuando o processo para torná-los santos. A Diocese criou uma comissão especial para cuidar da causa da canonização”, afirma.

Segundo ele, não existem prazos estipulados para se concluir o processo, existe somente para iniciar, “no nosso caso estava dentro dos cinco anos, prazo mínimo após a morte dos candidatos a santidade”. Há dois tipos de santos: os que viveram heroicamente as virtudes cristãs e os que foram mortos por ódio à fé cristã. O Padre Manuel e o coroinha Adílio pertencem ao segundo grupo.

“O processo de canonização, inicia com a beatificação, onde são feitos os procedimentos mais importantes, ou seja, a avaliação histórica das causas do martírio para ver se não havia outros motivos predominantes além daquele do ódio à fé. É o chamado processo histórico. Depois há o processo de avaliação da vida virtuosa destas pessoas, se eles viveram as virtudes do Evangelho. É o chamado processo teológico. Como eles são mártires, o reconhecimento do martírio e das virtudes, por parte do Papa, já os constitui santos. A Igreja então os declara beatos porque são restritos há uma determinada área geográfica, no nosso caso a Diocese de Frederico”, expõe e acrescenta o cônego Alexander “para a canonização o passo seguinte é a ampliação da devoção e o reconhecimento de um milagre por parte do Vaticano, porque os processos histórico e teológico já aconteceram e não precisam ser repetidos”.

Conforme ele, as demonstrações de fé são uma das bases para a canonização, “os santos são modelos de fé que devem ser seguidos, nos ensinam a acreditar em Deus, por isso quanto maior sua devoção, mais elementos a igreja terá para declará-los santos”. Ele também afirma que a Igreja pede um milagre como comprovação das suas intermediações junto a Deus e por isso, a devoção e a comprovação de tal milagre são condições fundamentais para receber o reconhecimento.

Para o cônego Alexander, a comunidade nonoaiense e os demais fiéis podem colaborar para que a canonização aconteça, primeiramente vivendo a devoção aqui no município, depois propagando os beatos, através da vida pessoal e colocando nas instituições e organizações municipais a promoção, a divulgação da vida dos beatos e da sua causa, “é importante que a cidade tenha como uma de suas características ser a ‘Terra dos Beatos’, isso não refere-se somente as organizações religiosas, mas a todos os setores da sociedade”, esclarece.

“É preciso distinguir, graças alcançadas, curas e milagres. Graças já existem milhares. Para ser reconhecido que uma cura foi milagre são necessários vários passos. Todos eles acontecem em Roma. O primeiro depende de uma declaração por parte da ciência médica, de que aquela cura aconteceu sem uma explicação científica, ou seja, por tratamentos, remédios e terapias. É importante recordar que a ciência não declara o milagre.” O segundo passo é a análise por uma comissão de teólogos para ver na cura a possibilidade de milagre. O terceiro e quarto passos são a aprovação dos Cardeais e a declaração do Papa do milagre de Deus por intercessão dos Beatos Manuel e Adílio. Então é realizada a celebração da Canonização, presidida pelo Papa. Atualmente existem alguns testemunhos que se apresentam como curas, estão na fase da análise científica. “Se algum destes casos for considerado provável milagre será encaminhado para o Postulador da Causa em Roma. Se for considerado possível ele monta um processo sobre a cura que será analisado conforme os passos narrados anteriormente. Este processo não pode ser feito em português, o que exige traduzir tudo para a língua que for escolhida. Recebemos cada vez mais comunicações de graças e curas, as quais estão sendo cuidadosamente analisas”, enfatiza o cônego. Estas curas devem ter acontecido após a beatificação, ou seja, depois de 21 de outubro de 2007.

Somente 5% das Dioceses do mundo têm beatos. Uma Diocese que os possui, representa o reconhecimento de sua maturidade como Igreja, como comunidade de fé, que pode apresentar pessoas da sua sociedade como exemplo para o mundo inteiro. “Ter beatos é também ter responsabilidades, por um lado reconhecer equívocos históricos que produziram o martírio, que é um assassinato, por outro lado, fortalecer os ideais que os mártires propunham para a sua Igreja e sociedade”, afirma.

Ao ser questionado sobre como define a trajetória dos beatos, o cônego Alexander explica que há dois exemplos diferentes, o Padre foi formado na cultura europeia, pertencia ao mundo desenvolvido. O coroinha representava uma região do sul do Brasil que estava iniciando o processo de autonomia, frente a um longo período de colonização. Ambos ao seu modo buscavam melhorar as condições do local onde viviam. Eram iluminados pela fé em Deus e pertenciam à Igreja católica, que os motivava a atuarem nos diversos setores da sociedade. Suas atuações encontraram grande receptividade, mas também
rejeições as quais culminaram nas suas mortes.

O cônego Alexander avalia a romaria como um evento que vem gradativamente se configurando. Algo que é relevante considerar é que a romaria não acontece num dia somente, mas em diversos dias, isso instiga os organizadores a pensarem atividades diversificadas para concentrações múltiplas. Outro aspecto é ter uma infraestrutura para esses eventos mais móveis e outra mais permanente para os romeiros que vem durante todo o ano. “Permanece o desafio de toda a sociedade nonoaiense assimilar e assumir a causa da canonização, da sua divulgação e da sua promoção, como algo que ultrapassa o religioso, mas que pode beneficiar todos os setores da sociedade”, conclui.

Apresentação Campanha da Fraternidade 2020

Estimados irmãos e irmãs em Jesus Cristo,

Como peregrinos neste mundo, celebramos a nossa fé e almejamos, pela graça de Deus, um dia poder habitar na sua casa, estar ente os eleitos, dos que ressuscitaram para a vida eterna.

A Igreja, mãe e mestra, que acolhe, pelo sacramento do Batismo, seus filhos e filhas, nos convida e nos oferece a oportunidade de percorrermos um caminho de preparação, para celebrarmos a dada ano a Páscoa do Senhor Jesus.

É a festa da vida, da esperança, da vitória do bem sobre o mal, do amor de Deus pela vida, manifestado pela paixão, morte e ressurreição de seu Filho Jesus, que se faz presente no coração de cada um de nós, nas nossas famílias e comunidades de fé, mas também no peregrinar da humanidade, muitas vezes ferida pela dor do pecado que destrói a vida.

Uma comissão do Regional Sul 3 da CNBB preparou este belo subsídio para encontros e celebrações, nas famílias e comunidades, com o intuito de ajudar o nosso querido povo de Deus a preparar-se espiritualmente,  no tempo da Quaresma, para celebrar a Páscoa do Senhor, a festa da vida.

Neste tempo em nosso País, para ajudar-nos na caminhada quaresmal, temos a Campanha da Fraternidade que, desta vez, tem como tema "Fraternidade e vida: dom e compromisso" e como lema "Viu, sentiu compaixão e cuidou dele" (Lc 10, 33-34).

Tendo como exemplo a Exortação Apostólica Cristo Vive do nosso Papa Francisco, na qual ele diz" Tudo o que Cristo toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida"; o testemunho dos mártires e beatos do Rio Grande do Sul, Beatos Manuel e Adílio, da santa Irmã Dulce dos Pobres, e de tantos outros que consumiram e consomem a vida para que outros tenham dignidade de vida, convido-os a celebrar com esperança, a nossa fé em Jesus Cristo, que, na sua missão de anunciar o Reino de Deus, manifestou amor pela vida, fez da vida uma entrega de amor, nos ensinou a cuidar da vida, lembrando que em Cristo, há sempre vida e vida em abundância.

Agradeço a Comissão do Regional pela preparação deste subsídio, e desejo a todos que a caminhada quaresmal seja intensamente marcada pela renovação da vida interior, para celebrarmos com o Senhor Jesus a vitória da vida, na sua Páscoa.

Porto Alegre, 17 de novembro de 2019 - Terceiro Dia Mundia dos Pobres.

José Gislon, OMFcap

Bispo Diocesano de Caxias do Sul

Presidente do CONSER do Sul 3 da CNBB

 

Beatos Pe. Manuel Gómez González e Adílio Daronch

Na Igreja conhecemos pessoas que doaram suas vidas, como Jesus. Aqui no Rio Grande do Sul, temos exemplos de mártires que derramaram seu sangue por amor a Jesus, por fidelidade à fé cristã e por não temer em seguir o mandamento do amor. É o caso do Padre Manuel e do coroinha Adílio. Vamos olhar para o quadro deles e conhecer a história de seu martírio

O Padre Manuel Gómez González nasceu na Espanha, em 1877. Chegou ao Brasil em 1913, onde trabalhou nas paróquias gaúchas de Soledade e Nonoai, onde evangelizou com esmero e dedicação até 1924.

Adílio Daronch nasceu em Dona Francisca, em 1908, mas em 1912, sua família transferiu-se para Nonoai. A família de Adílio se destacava na prática da caridade e colaborava muito com o Padre Manuel, ajudando-o nas missas.

Pelo ano de 1924, ocorreu um conflito na região e foram mortos alguns homens. Os assassinos não queriam que fossem sepultados, pois deveriam ficar à sorte dos animais. Pe. Manuel, porém, exercendo uma obra de misericórdia, enterrou aqueles mortos e abençoou suas sepulturas. O ato provocou a ira dos assassinos. Em 21 de maio daquele ano, enquanto viajavam para a cidade de Três Passos, Pe. Manuel e coroinha Adílio, foram raptados e assassinados por aqueles malfeitores. Em meio à mata, os dois foram amarrados a árvores e alvejados por disparos de arma de fogo. Após o ocorrido, os fiéis que foram até o local da morte do padre e do coroinha contam que os corpos estavam preservados e não haviam sido tocados pelos animais da floresta e não apresentavam nenhum outro sinal de violência além das marcas dos disparos.

 O padre e o coroinha foram sepultados em Três Passos e, anos mais tarde, os seus restos mortais foram transladados para Nonoai, onde existe o Santuário Nossa Senhora da Luz, para acolher os fiéis. Ambos foram beatificados em 2007 pelo Papa Bento XVI.

Neste mundo marcado por luzes e trevas, há quem não aceite a mensagem de Jesus Cristo. O amor de Deus continua sendo rejeitado por aqueles que preferem a ganância, a fama, o poder, o aparecer e outras ambições que matam a vida.

 

Como o exemplo do Pe. Manuel e do coroinha Adílio nos ensinam a defender sempre a vida e não temer nem mesmo a morte para viver como Jesus viveu?

Fonte: CNBB Sul 3